Hoje eu vim mostrar para vocês um conto que eu escrevi nesses últimos dias e que queria que vocês me dessem um feedback especial. Estou sentindo que devo investir em uma escrita mais adulta, focada em romantasia com conteúdo erótico. Essa é a primeira palinha do que eu consigo fazer. Se vocês gostarem, pode ser que venha mais coisas com deuses e sexo por aí.
Fiquem agora com “Vermelho Solar”, um conto exclusivo para Diário de Campo do Planeta Rosa, a newsletter de Lolline Huntar’z.
Para o meu deus solar, que me encontrou em outra vida para que possamos experimentar algo novo e menos proibido do que antes.
Vermelho Solar
Eu estava deitada no pátio do Castelo dos Deuses, debaixo dos três sóis em pico no meio do dia, vestindo apenas um biquíni rubro minúsculo, que cobria apenas as partes essenciais do meu corpo humano, quando Amanrhuar me chamou até a sua torre. O chamado veio dentro da minha própria cabeça, uma voz forte com um sotaque carregado daquela língua divina que eu nunca aprendi a falar.
Peguei minhas coisas o mais rápido que conseguia, utilizando da minha canga para cobrir o meu corpo e subi, pés descalços sobre o chão escaldante, uma escada por vez. Mentalmente, me preparei para sair do estado meditativo em que estava para entrar em outro. Até mesmo o fato de tomar sol era um ritual para Amanrhuar, uma devoção que eu sentia por ele desde pequena, mas, há alguns anos, desde que passei dos vinte e cinco, não sabia mais se era apenas a devoção normal de uma sacerdotisa.
Eu sentia tanta atração pelo Deus Dracônico Vermelho que me punha nervosa toda vez que ele me chamava para fazer alguma tarefa específica. E, nos últimos meses, a quantidade de tarefas extremamente específicas que ele tinha pedido vinha aumentando.
Às vezes, eram coisas corriqueiras: ele queria que eu acendesse as velas do seu quarto apenas para que a energia da minha devoção chegasse nele com mais força, para que eu o alimentasse com minhas orações. Às vezes, eram coisas mais trabalhosas, como enviar mensagens para seus irmãos com pedidos de desculpas por explosões que ele tivera em momentos de puro estresse em reuniões passadas. Isso sempre era um suplício devido ao fato de Glecis, a Deusa Dracônica Branca, e Rhuarir, o Deus Dracônico Azul, terem por mim um tipo de rejeição que era visível no olhar.
Nem sempre foi assim. Todos eles gostaram da minha companhia por anos, mas algo havia mudado nesses mesmos últimos meses, como se eles soubessem alguma coisa sobre Amanrhuar que eu não sabia. Alguma coisa relacionada a mim, a minha presença, ao fato de que ele parecia, a cada vez que me encontrava, me dedicar cada vez mais atenção.
Cheguei ao topo da torre do Deus Vermelho com os pés queimando, mas sentindo que aquilo também fazia parte do ritual aos sóis. Como se a energia do chão quente fosse o suficiente para me reconectar ainda mais com os deuses e com o que eles representavam: o calor que dá vida ao planeta de Fenhruir.
Bati na porta que dava acesso ao quarto dele, incerta sobre qual seria o pedido do dia.
Ser uma sacerdotisa que trabalhava diretamente com os deuses, enviando mensagens divinas para os mortais, tinha muito de bom e muito de horrível também. Poderia ser que ele queria que eu desse a notícia de que seis crianças deveriam ser sacrificadas para o vulcão mais próximo apenas para que as estrelas não parassem de brilhar sobre nossas cabeças. Se bem que… Normalmente não era Amanrhuar quem fazia esses pedidos, e sim Rhuarir. Geralmente, eu tinha que pegar uma carta com o Deus Vermelho para enviar ao seu irmão Azul, pedindo desculpas pela gritaria que se procedia quando esse tipo de “necessidade” ritualística aparecia.
O Senhor Vermelho, na forma que gostava de chamá-lo em minha própria mente, não gostava de injustiças, nem das guerras em que seus irmãos se metiam em nome da “paz”. Era um homem-dragão estressado constantemente pelas vicissitudes das relações familiares com pessoas que não o entendiam e, mesmo sendo o mais velho, era o menos respeitado entre o trio dos deuses centrais do planeta de três sóis.
Eu sabia muito bem das coisas que ele não gostava. Não gostava de guerras, de brigas, de vinho seco, de cores fracas, de barulhos altos ou de conversas sem rumo. Ele era prático. Queria que lhe servissem itens vermelhos, maçãs frescas e uma variedade de uvas que só crescia na estação em que apenas o Sol Vermelho estava presente no céu diurno. Mas, mesmo assim, não sabia muito sobre as coisas que ele de verdade gostava. Era silencioso quando não o chamavam e apenas chamava as pessoas que precisava que estivessem ali para algo.
Naquele momento, ele precisava de mim. Ao menos, assim parecia.
A porta se abriu e eu pude vê-lo com perfeição. Com dois metros e cinquenta centímetros de altura, ele parecia um gigante perto de mim, mesmo que eu fosse considerada uma mulher humana alta nos meus um metro e setenta e cinco. As escamas vermelhas e laranjas ocupavam o corpo inteiro e seu rosto dracônico — com um focinho quadrado que eu achava uma graça mesmo com os dentes abaixo parecendo afiados demais para se aproximar sem cautela — tinha uma expressão enfurecida que logo se suavizou quando me viu.
Suavizar, na verdade, não é o termo certo. Algo feroz apareceu em seu olhar, mas não do tipo que deveria me dar medo. Essa ferocidade era do tipo que me fazia querê-lo, mesmo que fosse impossível para uma mortal desejar um deus. Mesmo que fosse extremamente improvável que um deus fosse algum dia desejar alguém como eu.
— Sohen. Você veio — ele disse, ainda me observando. Senti a pele do meu rosto queimando por baixo do meu bronzeado perfeito, percebendo os olhos dele indo a cada pedaço de pele exposta por baixo de uma canga fina que não deixava muito a esconder. Fiquei envergonhada de aparecer assim na frente do deus, mas, uma parte pequena de mim, em uma comichão, me dizia que era exatamente daquela forma que ele queria me ver.
— Sim, meu senhor, meu deus. Tu me chamaste e eu vim. Como sempre — respondi, solícita, fazendo uma mesura para ele, esperando que isso fosse o suficiente para esconder o rubor em minhas bochechas.
— Pois então entre, entre. — Ele deu espaço para que eu entrasse, dando uns passos para trás para possibilitar minha passagem, visto que era grande demais e estava realmente tapando o caminho. Não deixei de perceber que, dessa vez, ele tinha uma postura galante, fazendo mesuras para mim enquanto eu entrava no quarto em que já havia entrado muitas vezes.
Observei sua cama enorme, uma em que caberia pelo menos três da espécie dele com facilidade, e vi a quantidade de velas vermelhas e laranjas que ele havia colocado em volta dela. Talvez ele tivesse um encontro mais tarde e quisesse construir um momento romântico. Não consegui evitar sentir um aperto no peito, uma pontada de ciúmes, imaginando quem seria a sortuda que teria a honra de ir até a cama dele com aquela quantidade de velas acesas. Velas que, assumi, eu teria que acender uma por uma. Já havia feito isso antes, só nunca com a sensação de que ele tinha outra intenção por trás na presença das chamas. Nunca com aquela pitada de inveja.
Todavia, Amanrhuar não gostava que eu assumisse as coisas, então entrei no quarto com calma, observei ao redor e me virei para ele, olhando para cima para fitá-lo nos olhos com uma coragem que apenas eu tinha. Nenhuma outra sacerdotisa o olhava nos olhos; todos o temiam muito mais do que o adoravam. Mas eu o adorava. E adorava o brilho dos seus olhos negros em comparação com o vermelho de sua derme.
— Qual é a tarefa importante que preciso fazer para o senhor hoje, senhor Amanrhuar, ó, grande Dragão Vermelho? — perguntei, com a mesma solicitude usual, porque eu sabia do meu lugar e eu sabia que ele era um deus, muito mais antigo e muito mais poderoso do que qualquer coisa que eu pudesse ser.
Ele se aproximou de mim e, pela primeira vez, tocou meu rosto. Senti a frieza de suas escamas em minha pele, tão contrastante com o calor da minha tez humana sobre o sol escaldante que ele representava. Senti a aspereza de seus dedos enquanto ele acariciou minha face e vi quando o olhar dele se amoleceu um pouco, como se estivesse no meio de uma batalha interna em que sabia que iria perder.
— Hoje eu quero que me chame apenas de Aman, Sohen.
— Sim, senhor Aman — respondi, ainda presa nos seus olhos, sem saber como reagir àquele toque.
Parecia que eu estava sonhando, na verdade. Quantas vezes já não me peguei pensando naquilo nos últimos meses, quando o via me observando de longe como se me desejasse mais do que poderia? Até aquele momento, eu pensei que essas percepções de luxúria vindas dele eram apenas brincadeiras da minha própria cabeça, mas ali, com ele me olhando daquele jeito, os dedos suaves sobre minhas bochechas, me questionei se haveria mesmo alguma possibilidade.
— Não, Sohen. Sem senhor. Só Aman — ele me corrigiu.
Tive vontade de falar “sim, senhor” novamente, apenas pelo costume. Mas respondi, em um sussurro meio sôfrego pela proximidade:
— Sim, Aman.
Ele sorriu satisfeito com a resposta e soltou meu rosto. Começou a andar pelo quarto — tão enorme quanto a cama, com o espaço o suficiente para ser feito de templo quando necessário — e seus passos eram audíveis. Fechei os olhos para ver se conseguia perceber sua aproximação e sua partida enquanto girava ao redor do ambiente, ao redor de mim.
— Pois bem. Você deve estar se perguntando sobre o motivo de eu ter te chamado aqui hoje, não? — Ele questionou, parando à minha frente, me obrigando a abrir os olhos para fitá-lo novamente.
— Sim, se-... Sim, Aman.
— Está vendo essas velas? — Ele apontou para as velas ao redor da cama, centenas delas, de variados tamanhos e grossuras, em muitos estados de queima diferentes, todas apagadas. Antes que eu pudesse responder, ele continuou: — Quero que as acenda para mim. Uma a uma.
Uma súbita coragem me atravessou antes que eu pudesse me silenciar.
— Mas por que uma a uma se o senhor tem poder para acendê-las todas com um único sopro? — Fiquei um pouco desconfortável com a ideia de fazer algo assim para ele na intimidade do seu quarto, sabendo que provavelmente ele usaria daquelas velas com outro alguém mais tarde. Por que eu me importava tanto? Ele era um deus, eu não teria nem ao menos uma única chance.
— Porque eu quero que amacie meu ego com seus cânticos e com seus rituais. Sei como acender velas para os deuses é parte do sacerdócio. E você já fez isso antes. Agora… Irá me fazer um ritual pessoal. Apenas para mim. E… — Ele se aproximou mais, parecendo um tanto inibido, depois com uma coragem que eu nunca havia visto em seus olhos nem mesmo nos campos de batalha em que o acompanhei durante meus anos de vida. — Sem isso. — Ele tirou a minha canga, deixando-me apenas com o biquíni vermelho que pouco cobria. Senti uma vergonha imediata da minha barriga saliente, das minhas coxas grossas, dos braços manchados por cicatrizes de rituais passados.
Mas havia algo em seu olhar que fez com que eu não quisesse me esconder.
Ele queria que eu fizesse um ritual particular para ele apenas de roupa de banho, logo depois de eu ter feito meu próprio ritual de adoração aos sóis, e me olhava como se sentisse sede e fome do que estava vendo.
A vergonha logo foi substituída por um estúpido orgulho. E eu sorri para ele, como se tudo aquilo fosse uma brincadeira. Eu já era bem conhecida por desafiar os deuses com deboches, mas nunca com…
— Chamaste-me aqui para me ver seminua, Aman? — … flertes.
Os deboches sempre recebiam respostas variadas, principalmente do Deus Vermelho, que achava-os muito divertidos. Mas esse flerte, essa coragem avassaladora que me passou para lhe perguntar aquilo, recebeu uma resposta que nem eu mesma estava esperando. Porque ele disse, com um sorriso cafajeste que se desenhou em seus lábios dracônicos com perfeição:
— Não. Chamei-te aqui para te ver seminua me adorando de perto.
Um arrepio passou por todo o meu corpo, incontrolável. Os pelos ruivos escuros da minha nuca se eriçaram e eu senti toda a atenção de Aman sobre mim. Ele olhava para meus seios fartos, para as curvas do meu corpo e eu conseguia imaginá-lo vendo por detrás dos pedaços de pano que me escondiam a nudez. Eu queria que ele imaginasse, porque, nem nos meus mais sujos sonhos, eu pensei que aquilo poderia acontecer de verdade. E ali estava ele, olhando para mim como se eu fosse um segredo.
— E-eu… — Comecei, gaguejando, sem saber exatamente o que responder. O primeiro movimento tinha sido meu, mas nunca cheguei a pensar no que aconteceria depois se ele respondesse positivamente.
Desconfortável com a minha própria vergonha, estiquei o corpo como podia, ajeitando a postura, e então fui até o canto do quarto onde guardavam acendedores de velas: fósforos enormes de quase trinta centímetros, que possibilitavam acender uma a uma sem queimar os dedos por algumas dezenas de velas. Passei a ponta na caixa e acendi o primeiro fósforo, já começando o meu trabalho, tentando esconder a vermilhão do meu rosto dourado debaixo do rubro dos meus cabelos.
— Oh, grandes sóis de Fenhuir, venho hoje por meio desta oração solicitar a bênção e a atenção dos deuses Amanrhuar, Rhuarir e Glecis para mais um ritual positivo. — Acendi três velas enquanto falava, percebendo os olhos de Aman focados em mim em cada movimento. A fala tinha um tom mais cantado, embora não fosse exatamente um cântico; era apenas um ritmo que me parecia natural a esse ponto.
Ajoelhei-me na frente da cama, começando a acender as velas mais próximas ao grande colchão, tentando seguir sem imaginar o que ele faria comigo se me pusesse naquele grande dorsel e me tirasse os pequenos panos que cobriam minhas partes íntimas. Era impossível. Principalmente porque, enquanto eu seguia com a oração, ele chegou mais perto, passando a mão escamosa na minha pele, tocando o meu ombro com incerteza e hesitação.
— Em especial ao Deus Vermelho, Deus do Sol Jusir, aquele que nos esquenta a todas as horas do dia e com um fogo que nunca se apaga, alimentando nossas almas com a intenção e a vontade de viver. — Eu ia falar “com a intenção e a libido”, mas eu sentia a minha libido queimando dentro de mim como uma fogueira quando Aman passou a mão do ombro para o meu pescoço, atrás de mim, ainda em pé, enquanto eu estava ajoelhada na frente de sua cama.
Tentei continuar, fazendo esforço para não me deixar levar pela minha imaginação e pelo desejo que eu sabia ter por ele desde que descobri o que era desejo real, há poucos anos atrás.
— Que nunca nos falte a vontade para seguir um novo dia e para prosseguir mesmo com as adversidades. Porque Ele está conosco e sempre estará, enquanto os sóis brilharem sobre nossas cabeças e nos abençoarem com sua presença.
Acendi mais algumas velas, os dedos tremendo enquanto Amanrhuar acariciava de leve a pele do meu pescoço, a mão firme sobre mim. E antes que eu conseguisse continuar, pronta para fazer a oração comum à adoração a todos os deuses, ele apertou meu pescoço, enforcando-me sem força, apenas domínio puro e delicioso. As palavras que eu ia falar saíram como um gemido ininteligível e eu corei ainda mais forte por ter me deixado levar pela sensação.
Percebi a grande figura do deus dracônico se agachando atrás de mim, mão ainda no meu pescoço, agora aplicando um pouco de força para chamar a minha atenção enquanto sussurrava no meu ouvido:
— Continue, Sohen. Estou amando sua devoção.
A proximidade era tanta que eu não conseguia me concentrar. Tentei me lembrar da oração para os deuses solares e a esqueci por completo. Com Aman ali, tão perto de mim, o torso encostado nas minhas costas, a mão no meu pescoço, estrangulando-me aos poucos, eu só conseguia pensar em como queria que ele desistisse do ritual das velas e me deixasse mostrar a ele outro tipo de devoção.
Então eu improvisei:
— Que o Deus Solar que nos dá vitalidade, fertilidade e libido nos seja protetor e guardião e que para sempre seja adorad-... — Não consegui terminar a minha frase, porque logo ele estava beijando minha orelha lentamente, a língua bifurcada dando voltas no meu lóbulo, esquentando todo meu âmago e minhas partes baixas. Não pude evitar outro gemido baixinho.
— Você vai me adorar para sempre, Sohen? — ele perguntou no meu ouvido, a voz rouca e de sotaque pesado me fazendo arrepiar por completo novamente.
Ele soltou minha garganta para que eu pudesse responder, as mãos grandes e repletas de escamas passando do meu pescoço para meus ombros, meus braços, meus seios. Ele apertou-os com delicadeza antes de rasgar o fio do meio da cortininha e deixar meus peitos à mostra. Então, apertou-os com força, me fazendo arfar enquanto eu respondia, sôfrega:
— Sim, senhor.
— Sim, Aman — ele me corrigiu antes que eu pudesse continuar, brincando com meus mamilos e puxando-os para frente, atiçando-os enquanto a dor e prazer se misturavam em meu ser.
— Sim, Aman, para sempre. Nesta vida e em todas as outras. — Era uma promessa forte de se fazer a sussurros sofridos, mas eu sabia que seria verdade. Enquanto o sol brilhasse no céu, independente de qual estrela fosse, em que planeta, em que lugar, eu o adoraria com tudo de mim, me lembrando de cada momento que passamos juntos. Me lembrando deste momento em específico.
— Então suba na cama — ele ordenou.
Me levantei aos tropeços, sem entender de onde havia surgido tanta coragem para que ele fizesse algo assim.
Era estritamente proibido que mortais humanos tivessem relações amorosas e sexuais com os deuses. Ainda mais proibido para os sacerdotes, que estavam ali como trabalhadores divinos desde o nascimento, como era meu próprio caso. Mas eu não poderia desobedecê-lo. Mesmo se quisesse. E eu não queria. Com certeza não queria. Aquele pedido era um que parecia ter vindo das partes mais obscuras dos meus sonhos secretos e eu estava ali para aproveitar.
Subi na cama, de joelhos no colchão e esperei a próxima ordem, abraçando meus seios como podia, tentando escondê-los com uma vergonha que eu não sabia de onde vinha. Estava insegura diante de um deus. Do meu deus. O deus que eu adorei a vida inteira e que agora me desejava o tanto que eu o desejava também.
— De quatro, Sohen. — Ele mandou e eu obedeci.
Me curvei para frente e empinei minha bunda, que estava quase toda à mostra na calcinha minúscula do biquíni vermelho que era meu favorito. Eu tinha acabado de perdê-lo, visto que ele tinha rasgado a parte de cima, mas não me importava. Ele era Amanrhuar e poderia ter tudo o que quisesse de mim, a qualquer momento.
Ele se aproximou e eu ouvi um estalar de dedos. De repente, o quarto, que estava à meia luz, com apenas algumas velas acesas, ganhou a luz de mil sóis, todas as centenas de velas, grossas e finas, postas ao lado da cama, com flâmulas grandes e chamativas enquanto ele se aproximava de mim cada vez mais. Tudo ficou num tom de vermelho solar que fazia a sensação dentro de mim crescer ainda mais.
Não conseguia ver muito mais do que a luz e a cama, a quantidade enorme de travesseiros que ele usava para se deitar todas as noites, quando o planeta girava e fazia com que os três sóis adormecessem temporariamente no céu estrelado e rosado de Fenhruir.
Mas consegui sentir quando ele se aproximou, a rigidez do seu corpo dracônico grande quando colocou uma mão na minha bunda e afastou a calcinha do biquíni para a direita. Primeiro, senti um dedo mais grosso e duro tocando minhas partes íntimas, me percebendo úmida e sedenta por seus toques. Eu queria aquilo mais do que podia admitir, mas meu corpo estava fazendo o serviço por mim.
Ao perceber aquilo, ele sorriu de uma maneira audível, um engasgo na garganta de quem sentia prazer com a confirmação de que não estava sentindo desejo sozinho. Como se fosse uma vitória, ele passou o dedo gelado na minha entrada e, de alguma forma, senti o toque se suavizar aos poucos, o formato do dedo se modificando até ter a pele macia de um ser humano.
Me virei apenas um pouco para ver a transformação. Não consegui ver muito mais do que a altura diminuindo e as escamas desaparecendo aos poucos, sendo retraídas até estarem cobertas por uma fina camada de pele humana, marrom avermelhada como se fosse feita da luz solar. Meu deus solar. Eu poderia chorar. Ele era tão lindo. Meu deus solar.
Como se pudesse ouvir meus pensamentos, ele se aproximou mais, apertando minha nádega com a mão livre enquanto passava os dedos, agora humanos e quentes, tão diferentes do toque dracônico anterior, pelo meu clitóris. Senti quando ele se colocou na cama atrás de mim, joelhos primeiro, antes de se deitar em cima de mim, me forçando a recostar a barriga e os seios na cama, apenas a bunda arrebitada para sentir seu volume contra meu corpo.
— Você não faz ideia de quantas vezes eu pensei em te fazer minha — ele admitiu no meu ouvido e, sim, eu poderia chorar.
Achava que já estava chorando, mas não pelo olho, e isso se confirmou quando ele enfiou um dedo na minha buceta e seus movimentos precisos, um vai e volta contido no começo, fizeram barulhos molhados em resposta. Minha boca também emitiu sons, alguns que eu nem conseguia controlar, meus olhos fixos num ponto do dorsel da cama que tinha a cabeça de dragão dele esculpida. Os chifres, a expressão séria que sempre parecia debochada em seu rosto quadrado, os olhos negros e penetrantes. Tudo estava na escultura e tudo estava em mim.
Todo meu corpo se entregou a ele quando ele adicionou mais um dedo na brincadeira. Ainda com os dedos dentro de mim, ele se aproximou mais e mordeu minha nuca, chupando-a em seguida, lambendo-a, me deixando ainda mais quente e desejosa. A parte racional de mim sussurrava no meu cérebro “não deveríamos estar fazendo isso; você pode perder seu lugar no panteão”. A parte que o queria dizia…
— Foda-se — ele disse em voz alta e eu senti que ele fez força para tirar as próprias vestes, tão largas nele agora que tinha mudado de forma.
Ele se afastou para que pudesse se posicionar e eu senti quando a cabeça do seu pau passou pelo meu clitóris, me fazendo soltar outro sussurro sôfrego. “Puta merda”, eu pareci ter dito, mas não sabia mais o que estava falando, não conseguia nem mesmo acreditar que aquilo estava acontecendo.
Então senti a aproximação da minha entrada e eu segurei a respiração em antecipação. Pensei que ele fosse devagar, mas senti a estocada fundo em mim com tudo e soltei um gritinho excitado enquanto ele grunhia de prazer. Os sons que ele fazia eram a melhor parte. Ouvi-lo, mesmo sem vê-lo, naquela posição, era a melhor parte.
Ele grunhiu de novo e apertou ambas minhas nádegas em suas mãos, ainda grandes mesmo tendo diminuído alguns sessenta centímetros de altura na transformação, e eu senti minha buceta piscar devagar, fazendo pompoarismo de leve para ficar mais gostoso, para apertá-lo dentro de mim, para fazê-lo querer entrar e sair de novo em um buraco cada vez mais justo. A sensação era de estar sendo finalmente preenchida pela energia que eu precisava, como se estivesse sendo levada aos céus apenas para arder junto às estrelas.
Aman reagiu a isso dando um tapa tão certeiro na minha bunda que ficou ardendo, mas a minha única reação foi gritar uma vez e soltar uma risadinha como se fosse uma menina boba. E esta reação o levou a outra, fodendo cada vez mais forte, chegando a um ponto específico dentro de mim que me fazia tremer de leve as pernas toda vez que sua glande o alcançava.
Não sei quanto tempo se passou com ele assim, estocando seu pau na minha buceta enquanto eu gemia e me contorcia debaixo dele. Ele puxava minhas mãos para as costas e eu o deixava, arqueando-me abaixo dele ao seu comando. Ele puxou meu cabelo longo e vermelho e deixei-o fazê-lo, a pressão da posição fazendo com que o tom dos meus gemidos subisse um pouco a cada vez que ele entrava de novo.
O movimento era viciante e eu estava me sentindo faminta e muito bem alimentada ao mesmo tempo. Era como se o próprio sol estivesse dentro de mim, consumindo meu fogo e ao mesmo tempo aumentando-o com uma gasolina poderosíssima. Eu sabia que aquilo era proibido para nós dois, que não poderiam nos descobrir nunca ou ele poderia perder até mesmo seu próprio título de deus, mas ele não parecia se importar enquanto me comia, então só me deixei levar, porque quando um deus solar te quer dessa forma, você só se entrega — ou ao menos foi o que pensei comigo mesma.
Dentro de uma hora, mudamos algumas vezes de posição e, quando percebi, estava deitada sobre ele, rebolando em seu pau enquanto olhava para seus olhos negros e reptilianos, que não haviam mudado de forma na transformação para algo mais semelhante à mim. Para algo que não iria me machucar no contato.
Seu rosto demonstrava que estava sentindo tanto prazer com aquilo quanto eu e eu sorria, travessa, sentindo que havia ganhado o melhor dos prêmios. A sensação era de ter sido finalmente recompensada de verdade pela minha devoção de anos.
Senti que ele estava um tanto se rebaixando à minha imagem, mas me sentia tão honrada em poder estar cavalgando nele que nem me importava no momento. Em verdade, eu me sentia ainda mais próxima dele, como se, em minha adoração a ele, eu também pudesse ser uma deusa um dia.
Ainda mais quando ele me olhava daquele jeito, observando cada um dos meus movimentos, fitando o balançar dos meus seios enquanto eu quicava no seu caralho. Era tanto desejo, tanta paixão, que eu me senti desconcertada e cheia de energia ao mesmo tempo. Se ele me admirava tanto assim e eu nada era perto dele, eu deveria mostrar para ele toda a minha devoção.
Continuei rebolando até minhas pernas começarem a tremer. Senti-o tremer embaixo de mim também, os grunhidos dele ficando cada vez mais frequentes. Ele segurou na minha cintura e me puxou para baixo de uma vez e eu senti sua glande batendo naquele ponto específico novamente, que me levou a ter uma onda de êxtase que fez com que meu corpo tremesse por completo, ainda mais com o líquido quente que senti entrando em mim logo em seguida.
Tínhamos gozado juntos, como se fosse uma experiência transcendental.
Deitei meu corpo sobre o dele de forma um tanto catártica. Sentir a energia sexual de um deus em mim era o suficiente para me manter acordada e elétrica por dias, mas meu físico ainda estava exausto. Suspirei enquanto sentia-o tirar uma mecha de cabelo do meu rosto, um sorriso levado marcado em seus lábios.
— Bom saber que não era só eu quem queria isso — ele comentou, risonho, satisfeito, ainda dentro de mim.
— Bom saber que eu não estava imaginando coisas sozinha — respondi e fechei os olhos, imitando o sorriso safado e tranquilo que ele tinha no rosto.
Ajeitei-me como podia em cima do corpo dele e deixei que ele me abraçasse em sua forma humana, tão pequena em comparação ao que ele realmente era, mas ainda assim tão aconchegante perto de mim. Eu o queria para sempre.
E esse foi o início do nosso fim.¹
Amei, viu? Faça um livro grandão deles.